RELEVO BRASILEIRO
O território brasileiro pode ser dividido em grandes unidades e classificado a partir de diversos critérios. Uma das primeiras classificações do relevo brasileiro identificou oito unidades e foi elaborada na década de 1940 pelo geógrafo Aroldo de Azevedo. Em 1958, essa classificação foi trocada pela tipologia do geógrafo Aziz Ab´Sáber, que adicionou duas novas unidades de relevo.
Cânion da Fortaleza – Parque Nacional de Aparados da Serra- fronteira do Rio Grande do Sul com Santa Catarina
Classificações de relevo
As classificações do relevo brasileiro – divisões do território em grandes unidades – têm base em diferentes critérios, que refletem o estágio de conhecimento à época de sua elaboração e a orientação metodológica utilizada por seus autores. A primeira classificação brasileira, que identifica oito unidades de relevo, foi elaborada nos anos 40 por Aroldo de Azevedo.
Relevo brasileiro de acordo com Aroldo Azevedo
Em 1958, foi substituída pela tipologia Aziz Ab´Sáber, que acrescentou duas novas unidades de relevo.
Relevo brasileiro de acordo com Aziz Ab’Sáber
Uma das classificações mais recentes, de 1995, é a de Jurandyr Ross, do Departamento de Geografia da USP. Seu trabalho baseia-se no projeto Radambrasil, um levantamento realizado em 1970 e 1985 que fotografou o solo brasileiro com um equipamento especial de radar instalado em um avião. Jurandyr Ross considera 28 unidades de relevo, divididas em planaltos, planícies e depressões.
Relevo brasileiro de acordo com Jurandyr Ross
O relevo brasileiro tem sua formação antiga e é resultado principalmente da ação de forças internas da Terra e da sucessão de ciclos climáticos. A alternância de climas quentes e úmidos com áridos ou semiáridos beneficiou o processo de erosão.
O território brasileiro, de um modo geral, é formado por estruturas geológicas muito antigas, apresentando também bacias de sedimentação recente. Essas bacias recentes datam do terciário e quaternário (Cenozoico, 865 milhões de anos) e correspondem aos terrenos do Pantanal Mato-grossense, parte da bacia Amazônica e trechos do litoral nordeste e sul do país. O restante do território tem idades geológicas que vão do Paleozoico ao Mesozoico (o que significa entre 570 milhões e 225 milhões de anos) para as grandes áreas sedimentares, e ao pré-cambriano (acima de 570 milhões de anos) para os terrenos cristalinos.
As estruturas e formações rochosas são antigas, mas as formações de relevo são recentes e decorrem do desgaste erosivo. A maior parte das rochas e estruturas do relevo do Brasil são anteriores à atual configuração do continente sul-americano, que passou a ter o formato atual posterior ao levantamento da cordilheira dos Andes, a partir do Mesozoico. Desta forma, podemos identificar três grandes unidades geomorfológicas que refletem sua gênese: os planaltos, as planícies e as depressões.
Panorama da cordilheira a partir de um avião na fronteira entre o Chile e a Argentina
Planaltos
São identificados e reconhecidos quatro variedades de planaltos: em bacias sedimentares, em intrusões, em cinturões orogênicos e em núcleos cristalinos arqueados. O quadro abaixo apresenta as características de cada um deles:
Tipos |
Características |
Período |
Bacias sedimentares | Circundados por depressões periféricas Apresentam relevos escarpados (cuestas.) |
PALEOZOICO |
Intrusões e coberturas residuais | Conjunto de morfos isolados e serras que indicam intrusões ou blocos de granito que afloram à superfície. |
PALEOZOICO |
Cinturões orogênicos | Relevos residuais, quase sempre de rochas metamórficas associadas à intrusivas. |
PRÉ-CRETÁCEO |
Núcleos cristalinos arqueados
|
Correspondem a segmentos dos dobramentos antigos erguidos em forma de abóboda. |
MEZOZOICO |
Cuestas
Cuestas são formas de relevo cujo contorno é bruscamente rompido na parte mais alta, pela existência de uma encosta íngreme, chamada frente ou front; no lado oposto, denomina-se reverso, o relevo decai suavemente até atingir relativa horizontalidade. As cuestas são formadas pela erosão diferencial sobre rochas sedimentares com estratificação inclinada.
Cuestas – paisagem próxima a Corumbataí, SP, Brasil
Estrutura geológica do planeta
VEJAMOS UM VÍDEO DE RELEVO BRASILEIRO
Escudos cristalinos
Escudos cristalinos são as áreas onde afloram as rochas cristalinas: granitos, gnaisses. Exemplo: Serra do Mar. Esses terrenos estão associados a riquezas minerais, como ferro e o manganês.
Vista da Serra do Mar, em Ubatuba, Litoral Norte de São Paulo
Bacias Sedimentares
São os locais que recebem os sedimentos provenientes de outras áreas, adquirindo o formato de bacia, como a Bacia Amazônica, por exemplo.
Seus terrenos apresentam minérios, como carvão e o petróleo.
O Brasil é rico em minerais metálicos, grande parte dele em reservas não exploradas.
Minerais Metálicos
Os principais minerais metálicos encontrados no Brasil são: bauxita, alumínio, cobre, cassiterita, ferro, manganês, ouro e prata. As áreas de maior concentração são a Região Norte (ferro, ouro, diamantes, cassiterita, estanho, manganês) e Minas Gerais (ferro e manganês).
Concentrações minerais importantes no Brasil
Localização geográfica dos Planaltos e Planícies do Brasil
No relevo brasileiro, predominam os planaltos – o das Guianas e o Brasileiro, subdivido em Atlântico, Central, Meridional e Sul-Rio-Grandense. As regiões de 201 a 1200 m de altitude ocupam 58,46% do território. As regiões acima de 1200 m representam apenas 0,54% da superfície. O Planalto das Guianas: ocupa o norte do País e estende-se pelos países vizinhos. Divide-se em escarpa serrana e planalto norte amazônico.
Na fronteira Amazonas/Venezuela, destaca-se a Serra Imeri, onde estão os dois pontos mais elevados do território brasileiro: os picos da Neblina com 3014 m e 31 de Março com 2992 m.
Picos da Neblina e 31 de Março
Planaltos
O Planalto brasileiro, em razão de sua extensão e diversidade, é dividido em quatro partes:
- Planalto atlântico: ocupa o litoral desde a divisa Ceará/Piauí até o norte do Rio Grande do Sul. Na Região Nordeste prevalecem altitudes entre 200 e 500 metros, com ênfase para as chapadas e serras. Na Região Sudeste, tem suas maiores altitudes médias e surgem “mares de morros”, com formações características de “meias laranjas” e “pães de açúcar” .
“Mares de morros” – Serra do Espinhaço – estendem-se pelos estados de Minas Gerais e Bahia
- Planalto central: domina a região centro-oeste do país. É formado por planaltos sedimentares (chapadas) e planaltos cristalinos bastante antigos e desgastados. Apresenta solo muito ácido e pouco fértil.
- Planalto meridional: ocupa a maior parte da bacia dos rios Paraná e Uruguai, nas regiões Sudeste, Sul e extremidade sul do Centro-Oeste. Sua formação é basicamente por terrenos sedimentares, recobertos parcialmente por derrames de lavas basálticas (Era Mesozoica). Divide-se em duas partes:
– Depressão periférica, com terrenos areníticos, na divisa com o Planalto Atlântico;
– Planalto arenito-basáltico, formado por camadas alternadas de arenitos e lavas basálticas. Entre eles surgem paredões abruptos, as chamadascuestas. O relevo é suavemente inclinado em direção ao Rio Paraná, a oeste.
- Planalto sul-rio-grandense: localiza-se no extremo sul do Rio Grande do Sul, também conhecido como Campanha Gaúcha. Apresenta relevo bem suave e poucas colinas recobertas por gramíneas.
Planícies
- Planície do pantanal: ocupa a depressão em que correm o Rio Paraguai e seus afluentes. Sua formação recente (Quaternário) apresenta baixa declividade, provocando grandes enchentes. As partes baixas, ocupadas por lagoas, são chamadas de baías, e as partes altas de cordilheiras. Na época das cheias, se transformam em um grande lago e a maior parte das cordilheiras fica submersa.
- Planícies costeiras: entendem-se pelo litoral, desde o Maranhão até o Rio Grande do Sul, em uma faixa de largura variável. Em alguns trechos da Região Sudeste, os planaltos chegam até o mar, formando falésias (costões).
Falésias em Torres – Rio Grande do Sul
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Planície amazônica: ocupa a bacia sedimentar situada entre os planaltos das Guianas (N) e o Brasileiro (S), a Cordilheira dos Andes (O) e o oceano Atlântico (NE). Seus terrenos são sedimentares de baixa altitude – planícies somente ao longo dos rios e baixos platôs com altitudes de até 200 metros. Divide-se em três partes: igapó (áreas ao longo dos rios, inundadas boa parte do ano); várzeas (terraços mais altos, inundáveis nas cheias); terras firmes (terrenos mais antigos, do Período Terciário, e elevados, fora do alcance das cheias).