HIDROGRAFIA

6. HIDROGRAFIA

O ramo da ciência geográfica dedicado a estudar as condições de existência e a disposição da água no planeta  é a hidrografia. A água existente nos diferentes ambientes como os mares, oceanos, rios, geleiras, atmosfera, lagos dentre outros é objeto de estudo da hidrografia. É reconhecida a importância vital deste elemento natural que, através de sua dinâmica, auxilia na manutenção das condições ambientais do planeta, que não são estáticas e se transformam continuamente. De acordo com Guerra (2003), a hidrografia é a parte da Geografia Física que estuda as águas correntes, águas paradas, águas oceânicas e as águas subterrâneas.

A radiação solar é o motor inicial que permite uma troca ininterrupta da água no conjunto da hidrosfera. Esta permuta contínua é conhecida como ciclo da água ou ciclo hidrológico, que sinteticamente pode ser definido como o processo no qual a água, a partir da transferência de energia, muda de estado e se movimenta na atmosfera, superfície, em ambientes subterrâneos, nas plantas, nos animais e na sociedade em seus estados gasoso, líquido ou sólido.

Isto significa que a água está inserida em diversos espaços, mas não permanece em repouso, pois ela pode ser transportada entre estes ambientes. Os principais processos de transferência da água no planeta são: evaporação, precipitação e escoamento.

Ciclo da Água 
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                                                                                                        água é possível considerar que á água é um elemento renovável. 

Mas, nas condições atuais do planeta, esta renovação tem limites que precisam ser considerados, o que permite considerar os limites finitos de exploração das reservas de água potável, tema que será abordado posteriormente.

A água recobre aproximadamente 71% da superfície do planeta Terra. Do total de água existente, apenas 3% é considerado doce. Destes 3%, 2,4% estão situados em geleiras e 0,6% em outros locais como rios, lagos e aquíferos.

De acordo com Rebouças (2006), o termo água referese, em geral, ao elemento natural, sem vínculo com qualquer uso potencial. Porém, quando se atribui um caráter econômico-financeiro a este elemento, utiliza-se o termo recurso hídrico para designar esta substância. Os diversos usos da água (industriais, agrícolas, urbanos) necessitam, por parte de agentes públicos e privados, de um planejamento e gestão eficaz para que haja a diminuição dos conflitos que ocorrem para se ter acesso à água.

A água é o elemento essencial à vida e de fundamental importância no cotidiano das pessoas, pois possui diversas funcionalidades, sejam estas atribuídas pela sociedade ou características próprias da água. Dentre os principais usos sociais dos recursos hídricos, é possível identificar alguns: o abastecimento humano (dessedentação humana, limpeza doméstica, limpeza de vias públicas); para fins de irrigação; para a pecuária (dessedentação de animais); para a produção de energia; para utilização industrial (produção, resfriamento, liberação de rejeitos); pesca; lazer e navegação.

Considerando as características da água, esta auxilia no(a): regulação térmica; produtividade agrícola; transporte de pessoas, animais, mercadorias. (por viabilizar que meios de transporte possam fluir em sua extensão).

Como a água se apresenta nas mais diversas maneiras em ambientes igualmente diversificados, há uma divisão para o estudo aprofundado de cada um destes ambientes.

Oceanografia

Este ramo da ciência estuda os oceanos. Estes podem ser considerados como imensas porções de água salgada sobre a litosfera. Sobre a classificação da água com relação à quantidade de sais, observe o quadro a seguir:

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O oceano poderia ser considerado como um apenas em todo planeta, porém, de acordo com sua localização e características físicas, estes são diferenciados em três grandes oceanos: Atlântico, Índico e Pacífico e dois menores: Glacial Ártico e Glacial Antártico.

No interior dos oceanos, existem correntes que, influenciadas pelo movimento de rotação da Terra, funcionam como verdadeiros rios de água salgada. Estas correntes possuem certa homogeneidade de características que a diferenciam de outras tais como: temperatura, salinidade e densidade. As correntes são classificadas em quentes e frias. As correntes quentes normalmente saem da zona tropical em direção às zonas polares e, quando ocorre o movimento inverso, as correntes são frias.

As correntes marítimas funcionam como condicionantes climáticos, podendo elevar ou diminuir a umidade em determinadas áreas. Grandes desertos são formados devido à atuação das correntes marítimas, como o deserto do Atacama no Chile, e o de Kalahari, localizado entre os países da Namíbia, África do Sul e Botswana. A formação destes desertos teve influência direta da corrente fria de Humboldt e pela corrente fria de Benguela. Tal correlação é facilmente visível na figura a seguir, onde são evidenciadas as áreas de atuação global das principais correntes marítimas. Ao observarmos esta figura, percebemos que a maior extensão dos oceanos está localizada no hemisfério Sul. Na sequência, apresentamos algumas características dos principais oceanos:

Oceano Atlântico: segundo maior oceano do mundo, possui importância econômico-financeira acentuada, pois é a menor distância entre as grande potencias mundiais (EUA e os países da Europa). É dividido pela dorsal meso-atlântica que é uma cadeia de montanhas submersas. As correntes marítimas que perpassam a extensão do oceano no hemisfério norte são: Norte-Equatoriais, das Canárias e do Golfo; e, no hemisfério Sul: corrente do Brasil, de Benguela e a Sul-Equatorial.

Oceano Pacífico: é o maior oceano e ocupa uma área superior ao total das terras emersas do globo. Também é o que apresenta as maiores profundidades, sendo a Fossa das Marianas (11.033m) a mais profunda do planeta. Banha toda a costa ocidental do continente americano. Devido a sua extensão, o Oceano Pacífico é o menos influenciado pelas massas de ar continentais. Para alguns estudiosos, o oceano glacial Antár tico faz par te deste oceano.

Oceano Índico: dos principais, é o menor oceano. A importância econômico-financeira ocorre devido ao escoamento das embarcações petroleiras, já que o Golfo Pérsico (área de maior extração petrolífera do mundo) está situado neste oceano. Possui a média térmica mais elevada quando comparado com os outros oceanos. Isto ocorre devido à maior concentração de sua extensão na faixa equatorial, determinado também as mais altas taxas de salinidade dentre os oceanos. É neste oceano que se origina o fenômeno das monções.

Relevo Submarino

Assim como nas superfícies emersas, o relevo submerso possui diversas formações tais como montanhas, depressões.

De acordo com a profundidade, o relevo submarino está dividido desta maneira:

Plataforma Continental: Área da superfície até 200 m de profundidade. A extração petro-lífera realizada enfatiza a impor-tância econômico-financeira desta área.  Nesta parte, também encon-tra-se o talude continental que se origina dos 200m até 2.000m de profundidade e é considerada como continuidade da plataforma porque apresenta os mesmos tipos de depósitos.

Zona Batial: É a mais extensa do relevo sub-marino. Estende-se na faixa entre 2.000m e 5.000 m de profun-didade. Faixa onde se encontra seres vivos fotoautotróficos como algas e cianobactérias.

Zona Abissal: Corresponde às fossas submarinas, ou seja, às áreas de maior profundidade oceânica que estão situadas a uma profundidade superior a 5.000m.

As porções de água próxima aos continentes são chamadas de mares. Denominam-se mares também porções de água salgada existentes no interior dos continentes. Quando o mar adentra o continente e na paisagem visualizam-se reentrâncias da costa em formas côncavas horizontais, ocorrem os golfos, baías e enseadas. O que diferenciam estas três formações litorâneas é o tamanho já que o golfo possui uma extensão maior do que a baía e esta é maior do que a enseada.

Movimento dos Mares

Os mares executam diversos movimentos que podem interferir no relevo litorâneo. A erosão marinha remodela constantemente, através do trabalho erosivo, os ambientes costeiros devido à ação das correntes marítimas e dos fluxos de marés. O movimento das águas do mar sobre o litoral dos continentes e ilhas devido às forças gravitacionais é chamado de maré. O fenômeno do vaivém das águas causado pela ação dos ventos em movimento oscilatórios é chamado de onda. Estas podem modelar o relevo de forma lenta ou através de eventos catastróficos como os tsunamis que são causados por distúrbios sísmicos em áreas oceânicas. Quando eles acontecem, promovem um acentuado deslocamento de volume de água. Durante a ocorrência deste evento, as ondas podem alcançar mais 160km de extensão em alto-mar e se propagar a uma velocidade de 800 km/h em direção à costa o que lhe confere um elevado poder de destruição das zonas litorâneas e também continentais.

Águas Continentais

As águas que ocorrem nas superfícies continentais são divididas segundo estes principais tipos: lagos, lagoas, rios, aquíferos, geleiras dentre outras. Na sequência, é possível observar a diferença de cada uma destas disposições das águas continentais.

Águas Subterrâneas – Quando ocorre a precipitação, acontecem dois processos que propiciam a formação de águas subterrâneas: infiltração e escoamento sub-superficial. Ao infiltrar-se nos solos e nas rochas permeáveis, a água pode estacionar em aquíferos confinados ou continuar a percorrer caminhos, originando os lençóis freáticos. O nível hidrostático ocorre quando a água se concentra em um determinado nível de profundidade onde não está sujeita à evaporação capilar.

Em alguns países, a água subterrânea é de suma importância para o abastecimento humano e para os demais fins. Pode ser disponibilizada através de poços comuns ou artesianos. O Brasil possui sob seu território parte da maior reserva subterrânea de água doce América do Sul, denominado Aquífero Guarani. Este manancial está situado em local transfronteiriço, pois sua extensão, além do Brasil, abrange partes do território da Argentina, Uruguai e Paraguai. Desta forma, este aquífero se tornou uma reserva estratégica e atualmente abastece 80% das cidades do centro-sul brasileiro.

Há a crença de que os aquíferos são apenas grandes áreas de concentração contígua de água, porém estas se apresentam compondo e preenchendo os poros de terrenos arenosos ou de outra natureza. Mesmo possuindo elevada quantidade de água doce, a maior parte das águas do Guarani é salobra, ou seja, imprópria para o consumo humano se não tratadas devidamente, especialmente pelo excesso de sais dissolvidos.

Geleiras – são massas de gelo que alcançam espessuras variadas, podendo ser superiores a 3km, e apresentam enormes extensões. Elas são formadas em áreas onde a queda de neve é superior ao degelo. Estão distribuídas nas zonas polares e em áreas de elevada altitude. Quando a temperatura se eleva, porções de gelo podem se desgarrar e são direcionadas aos oceanos onde permanecem flutuando, estas poções são denominadas de icebergs. De acordo com Guerra (2003), os icebergs são blocos de gelo oriundos dos continentes glaciais (geleiras continentais). Estas massas de gelo flutuantes são carregadas pelas correntes marinhas e constituem grande perigo à navegação. A parte que fica emersa corresponde a uma pequena fração, apenas 1/10 do seu total.

Lagos e Lagoas – são massas de água localizadas no interior dos continentes. Quando essas massas possuem extensão menor do que a dos lagos, estas são chamadas de lagoas. Estas podem ser temporárias, ocorrendo apenas nos períodos de pluviosidade elevada, concentrando parcialmente a água dos processos de escoamento. Lagos de água salgada também são chamados de mares. Há diversas origens para a formação de lagos que podem ser classificados em: vulcânicos, tectônicos, glaciais e represados.

Lagos vulcânicos: são formados em crateras de vulcões extintos; normalmente apresentam elevada concentração de substâncias nocivas que impedem sua utilização.

Lago glacial: quando são originados a partir de geleiras. Ao deslizarem, as geleiras carregam consigo gelo e sedimentos e durante um longo período estes sedimentos podem acumular-se em determinadas porções do terreno e conter a água resultante do degelo. Este processo pode formar este tipo de lago nas depressões e vales próximos as montanhas.

Lago tectônico: são originadas em falhas ou fraturas da superfície terrestre devido à movimentação das placas tectônicas em zonas continentais.

Lagos represados: são originados a partir da intervenção humana, construindo barragens e, com isso, concentrando elevada quantidade de água. Ex: Lago de Itaipú (Paraná).

Águas Correntes

É denominada água corrente toda água continental que se desloca sobre os continentes. O tipo mais importante de água corrente é o rio que, de acordo com Guerra (2003), é uma corrente líquida resultante da concentração do lençol de água num vale.

Os rios possuem importância socioeconômica e por esta condição são considerados recursos hídricos, pois são fontes de alimentos, de recursos energéticos, de transportes, dentre outras funções. Além disto, os rios modelam o relevo através do trabalho que executam de transporte de águas e detritos, além da deposição de sedimentos.

Dentre as partes componentes dos rios, podem-se destacar as principais como: a nascente (local de onde o rio aflora), leito (o curso do rio), margens (partes laterais do rio), meandro (sinuosidades existentes nos rios), afluente (quando um rio descarrega suas águas em outro rio) e foz (local onde o rio deságua).
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Regime Fluvial

Os rios podem variar de acordo com o local onde estejam e também pela origem do abastecimento de sua nascente e leito. Os regimes fluviais representam o motivo das oscilações dos períodos de cheias. Os regimes fluviais podem ser:

Pluvial: São dependentes da regularidade e/ou intensidade das precipitações pluviométricas No Brasil predominam este tipo de regime. Ex: Rio São Francisco e Rio Paraná.

Nival: Os rios deste tipo de regime são influenciados pelo derretimento da neve das montanhas. Acontecem em áreas de elevadas latitude ou altitude. Ex Rio Reno (Europa)

Misto: Quando o período de cheia e vazante é influenciado por mais de um fenômeno seja este pluviométrico ou de derretimento da neve. Ex: Rio Amazonas

Tipos de Rios

Os rios podem possuir algumas classificações. Estas podem ocorrer de acordo com o tipo de relevo por qual sua água escoa ou quanto à forma de escoamento. No quadro a seguir, é possível observar esta distinção.

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A água que flui na foz dos rios representa as características dos processos de erosão fluvial que ocorrem ao longo de seu leito e, de acordo com estes processos, a foz dos rios pode ser classificada em:

Delta: Quando ocorre elevada quantidade de deposição sedimentar, formando banco de areias no formato de leques. È possível observar ilhas próximas à foz deste tipo.

Estuário: Ocorrem quando o rio possui poder erosivo atenuado por motivos como vazão dos rios e características dos solos. A foz deste tipo se expressa é um único canal o que favorece a construção de portos.

Bacia Hidrográfica

É uma área da superfície na qual os divisores topográficos auxiliam que o escoamento superficial se direcione para uma determinada área é denominada bacia hidrográfica. De acordo com Guerra (2003), a bacia hidrográfica consiste em um conjunto de terras drenadas por um rio principal e seus afluentes.

A convergência do escoamento das águas de uma bacia hidrográfica pode ser proporcionada pela estrutura geológica, possuindo um determinado padrão de drenagem. O escoamento destas águas se dá em direção ao mar, aos lagos ou aos ambientes subterrâneos. Estas características das bacias hidrográficas permitem sua classificação de acordo com os padrões de escoamento, como é possível observar no quadro a seguir:

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Hidrografia Brasileira

A rede hidrográfica brasileira é majoritariamente composta por rios. No Brasil, há também a predominância de rios planálticos. A maior parte do território nacional está inserida em áreas de climas tropicais, o que propicia em maior parte rios de regime pluvial. Os rios brasileiros possuem importância econômica elevada, pois aproximadamente 86% da energia elétrica nacional são provenientes das usinas hidrelétricas.

Desde a instituição da Política Nacional de Recursos Hídricos pela Lei 9.433/97, a unidade de gestão dos recursos hídricos é a bacia hidrográfica.

Desta forma, o Brasil está dividido em quatro bacias principais (São Francisco, Amazônica, Tocantins-Araguaia e Paraná) e outras quatro bacias secundárias (Atlântico Norte e Nordeste, Atlântico Leste, Atlântico Sudeste e Bacia do Uruguai)

A figura a seguir representa esta divisão:
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Bacia Amazônica – maior bacia hidrográfica do planeta.

Além do Brasil, oito países da América do Sul compõem essa bacia: Guiana, Guiana Francesa, Suriname, Venezuela, Colômbia, Equador, Bolívia, Peru. A nascente do rio Amazonas, principal rio da bacia (maior rio do planeta), está situada no Peru, na Cordilheira dos Andes, onde é denominado Apurimac. Quando entra no Brasil, é chamado de Solimões e ao encontrar-se com o Rio Negro, recebe o nome de Amazonas.

O rio Amazonas está situado, predominantemente, em áreas de planície e possui aproximadamente 7.000 afluentes. Como está localizado próximo às zonas equatoriais, possui afluentes nos hemisférios Sul (margem direita) e Norte (margem esquerda), o que permite a abundância constante do volume de água visto que, quando o verão ocorre em um hemisfério, é inverno no outro, e as chuvas, nas zonas equatoriais, são distribuídas com maior frequência do verão (Ab’Saber, 2003).

A construção de usinas hidrelétricas nessa bacia são eventos polêmicos, pois confrontam ambientalistas e desenvolvimentistas, que assumem posições diferenciadas com relação às obras e à instalação destes empreendimentos. Os desenvolvimentistas alegam a necessidade da eficiência energética nacional enquanto os ambientalistas denunciam que as áreas alagadas alteram bastante o sistema ambiental regional.

Nesta bacia se encontram as usinas de Samuel, no rio Jamari, em Rondônia; Balbina, no rio Uatumã, no Amazonas, e as usinas de Curuá-Uma, no rio que leva o mesmo nome e, no Pará, a construção da usina de Belo Monte, no rio Xingú.

Bacia Tocantins-Araguaia – Bacia integralmente situada em território nacional e ocupa o terceiro lugar em potencial hidrelétrico no país, atrás apenas das bacias Amazônica e do Paraná. A grande carga deposicional do rio Araguaia possibilitou, no rio Tocantins, a formação da ilha do Bananal que é a maior ilha fluvial do mundo.

O potencial hidrelétrico é subutilizado, considerando que há apenas a usina de Tucuruí, situada no rio Tocantins, na porção inserida no estado do Pará. Esta usina abastece o processo da mineração em Carajás.

Bacia do São Francisco – esta bacia é responsável por 7,5% da drenagem do país. O rio principal, São Francisco (também conhecido como Velho Chico) nasce na Serra da Canastra, no estado de Minas Gerais e deságua no município alagoano de Piaçabuçu, situado na divisa com o estado de Sergipe.

O rio São Francisco é considerado o rio da integração nacional por conectar duas regiões populosas (Sudeste e Nordeste), além dos incentivos estatais em seu potencial para estimular o desenvolvimento de áreas semi-áridas do Nordeste, De acordo com Ab’ Saber (2003), é o único rio perene da região semi-árida brasileira. È um rio de planalto, mas possui longo trecho navegável que se estende desde o município de Pirapora até Juazeiro, no estado da Bahia. O potencial hidrelétrico é utilizado de forma intensa desde o estado de Minas Gerais nas usinas de Três Marias até as usinas de Xingó, perpassando a usina de Sobradinho pelo complexo Paulo Afonso, composto por cinco usinas. Ultimamente, é alvo de projetos de deslocamento de águas conhecido como transposição de São Francisco. Este projeto do governo Federal prevê a construção de dois canais que beneficiariam parte da sociedade. O problema é parte que será beneficiada, pois a água transposta será utilizada pela agroindústria, enquanto o problema maior não seria resolvido: a dessedentação humana.

Bacia do Paraná – nesta bacia, está situado o maior sistema hidrelétrico do país: a usina de Itaipu. Sua importância econômica também é comprovada pelo elevado escoamento de produtos brasileiros para outros países da América do Sul (Argentina, Uruguai e Paraguai).

A bacia do Paraná conjuntamente com as Bacias do Paraguai e do Uruguai formam a Bacia Platina. São diversas usinas hidrelétricas construídas na área da bacia. As principais são: Furnas, São Simão, Barra Bonita e Jupiá.

Degradação e Uso Inadequado dos Recursos Hídricos

A ineficiência da gestão dos recursos hídricos pode ser observada em diversos países do mundo. A contaminação das águas correntes, subterrâneas prejudica o bem-estar das sociedades. Este prejuízo ocorre através das indústrias que liberam rejeitos nos rios, esgotos lançados sem o devido tratamento, irrigação descontrolada.

Estes usos inadequados podem causar a escassez de água potável, mas também ocasionam enfermidades. As doenças de veiculação hídrica preocupam cada vez mais a sociedade. Como exemplos destas doenças são possíveis citar: a cólera, a febre tifóide, hepatite A e a amebíase, dentre outras. De acordo com Gonçalves (2004), o discurso da escassez de recursos hídricos atualmente é proferido de forma errônea, sobre a ótica malthusiana, ou seja, se a população cresce, a demanda por água se eleva exponencialmente. E para contrapor está ideia difundida, ela utiliza dados do Canadá onde, no período compreendido entre os anos de 1972 e 1991, enquanto a população do Canadá cresceu 3% a demanda por água se elevou a 80%. Em outros países menos desenvolvidos economicamente, onde a população também cresceu, a demanda por água não teve uma elevação tão acentuada como no Canadá. Para ele, isto evidencia que os padrões de uso dos recursos hídricos praticados por países com padrão de vida estadunidense ou europeu cresceram bastante.

No Brasil, o uso da água é maior na atividade agrícola como é possível observar no quadro a seguir:

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O uso inadequado intenso e frequente da atividade agrícola altera os ciclos da água, causando problema ao sistema ambiental. Para cultivar um quilograma de soja, são gastos 1.000 de água até a colheita. E estudos afirmam que cerca de 20% dos solos irrigados do mundo estão salinizados devido ao emprego desta técnica.