PEDOLOGIA

  5. PEDOLOGIA

A pedologia é um dos ramos científicos responsáveis por estudar e compreender os solos, entendendo-os como um corpo formado a partir da dinâmica natural ambiental. Existe, também, outro ramo da ciência que estuda os solos que é a Edafologia. Esta considera o solo apenas na sua característica de suporte à vida vegetal. Para a ciência Geográfica, é importante compreender os solos através da ótica da Pedologia, pois esta contempla o estudo integrado dos aspectos condicionantes para a formação dos solos (pedogênese) tais como o clima, o relevo, as rochas e os organismos vivos.

Os Solos

Os solos podem ser definidos como a superfície inconsolidada que recobre as rochas e mantém parte do complexo biológico do planeta.

Os solos possuem elevada relevância ao sistema ambiental, e em especial à sociedade. São indispensáveis à reprodução da vida, pois seu estabelecimento em um determinado local possibilita a fixação dos produtores primários, que através da fotossíntese são capazes de produzir sua alimentação e oferecem contribuição fundamental para a sequência da cadeia trófica. Estes são essenciais ao desenvolvimento das bases elementares produtivas da organização humana: a agricultura. Desta forma, a existência dos solos é condição essencial à manutenção da vida na Terra, pois direta ou indiretamente todos os seres vivos dependem de suas características e propriedades.

Pedogênese

É o processo que ocorre para a formação dos solos. Em um determinado período, o planeta era composto, em sua superfície, apenas por rochas oriundas da intensa atividade endógena do planeta. Com esta manifestação espacial, a dinâmica natural proporcionada pelos agentes intempéricos tornou possível a formação dos solos. Os processos físicos, químicos e, posteriormente biofísicos, são determinantes para ocorrer a pedogênese. Estes processos não acontecem isoladamente, mas simultaneamente. Por exemplo, em clima secos predomina o intemperismo físico, mas também ocorre o intemperismo químico. Já nos climas úmidos, acontece o inverso.

No quadro a seguir, é possível observar os agentes do intemperismo no material de origem dos solos (rochas) e sua classificação processual na dinâmica pedogenética.

Quadro de identificação dos eventos intempéricos nos processo formadores de solos:
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Portanto, para ocorrer a pedogênese (ou seja a formação dos solos), é necessária a existência de uma rocha que sofrerá modificações devido aos processos atuantes. Desta forma, os solos são resultados do intemperismo que atua nas rochas, ou seja, pela desagregação mecânica ou decomposição química e biológica do material de origem. Nestas condições, os solos se constituem de agregados ou partículas formadas por fragmentos minerais combinados com diversas matérias (óxidos de ferro, matéria orgânica, por exemplo).

As variáveis que condicionam o processo pedogenético de forma interdependente e considerado como fatores de formação do solo são: material de origem, clima, relevo, organismos vivos e o tempo.

Material de origem – Pode ser de origem mineral (rochas) ou orgânica. Quando de origem mineral estes são trabalhados ou retrabalhados para originar os solos. Os de origem orgânica são constituídos pela decomposição de vegetais ou animais e ocorrem em áreas menos extensas do que as de origem mineral. Um mesmo material de origem pode originar solos diferentes a depender da intensidade e frequência dos agentes intempéricos que pode ser condicionados por outros fatores de formação, como o relevo.

Clima – As variáveis climáticas mais importantes para ocorrência da pedogênese são umidade e temperatura. A umidade através da precipitação que dependendo da permeabilidade do solo e da intensidade e freqüência das chuvas pode propiciar a lixiviação e o empobrecimento das cartacterísticas minerais do solo. Já a temperatura condiciona a intensidade da atividade microbiana e biológica alemã das reações físicas de desagregação das rochas.

Relevo – Sua importância está, principalmente, no transporte da água a depender da declividade. Outro fator está associado com a erosão do relevo que pode alterar também a configuração das propriedades do solo.

Organismos – São um dos responsáveis pela conversão de parte do material de origem mineral em solos. Os líquens que são microorganismos produzem ácidos que degradam as rochas. As raízes das plantas, as minhocas auxiliam nas alterações químicas do solo.

Tempo – Os processos de ocorrência espacial também são de ocorrência temporal. Desta forma, entende-se que o tempo determina a intensidade e freqüência dos outros fatores de formação do solo. A pedogênese ocorre de forma dinâmica através da dependência de diversos eventos sendo que, que são dependentes da manifestação temporal de seus acontecimentos.

Unidade de Estudo dos Solos

O perfil do solo se constitui na unidade básica de estudos dos solos, pois, através de um corte vertical feito no solo, desde a superfície até o material de origem, é possível efetuar uma análise dos atributos e características do solo. As camadas do perfil são conhecidas como horizonte. Cada horizonte possui características físico-químicas distintas entre si e a cor é a variável visual que permite observar diferenças, como a espessura.

Através da observação do perfil do solo e da espessura dos seus horizontes, é possível inferir sobre a idade do solo. Comumente, quanto mais jovem for um solo, menos horizontes visíveis poderão ser observados no perfil. As características dos horizontes podem ser distintas de acordo com a diversidade tipológica do solo. Desta forma, os horizontes frequentemente apresentam estas características: Horizonte O ou Orgânico – quando encontrado é o mais superficial e pouco profundo. Como a denominação sugere é a camada que contém maiores quantidades de matéria orgânica (folhas e animais em decomposição) quando comparado como outros horizontes. Ocorre em áreas na qual há pouco revolvimento do solo, ou seja, em áreas de vegetação nativa.

Horizonte A – possui interferências climáticas e dos seres vivos, pois é a camada mais próxima da superfície, portanto mais suscetível à erosão. O acúmulo de matéria orgânica e a perda de materiais para o horizonte B são as características principias deste horizonte.

Horizonte B – possui materiais removidos pela ação da água em camadas do solo superiores e por isso é chamado também de horizonte de acumulação.

Horizonte C – é configurado por agregados de minerais que pouco foram intemperizados. A rocha pouco alterada também é conhecida por saprólito.

Horizonte R – Rocha matriz.

Estes horizontes não estão necessariamente contidos em um tipo de solo. Um solo pode ter três horizontes enquanto em outro perfil é possível encontrar cinco ou mais.

Consequências Ambientais da Degradação do Solo

Algumas práticas da sociedade podem interferir de forma negativa nos solos e, consequentemente, no sistema ambiental.

A intensidade do uso do solo de maneira indiscriminada pode alterar, por exemplo, a dinâmica natural do escoamento hídrico superficial, diminuindo este escoamento com asfaltamento de ruas ou elevando o escoamento sub-superficial, podendo acelerar a ocorrência de laterização (lixiviação intensa) que empobrece o solo com a retirada excessiva de minerais.

A degradação do solo possui sua gênese através da ação da erosão. È importante ressaltar que os processos erosivos fazem parte da dinâmica natural de um sistema ambiental. O que está acontecendo nas últimas décadas é a aceleração do ritmo da erosão pelas atividades da sociedade. A expansão de áreas para o desenvolvimento da agricultura e a expansão para a ocupação urbana através, respectivamente, da eliminação da capa superficial do solo e da ausência de planejamento, para a instalação de habitações e/ou infraestruturas, podem ocasionar degradação com elevada frequência e baixa intensidade ou gerar deteriorações com baixa frequência, porém com elevada intensidade, sendo que estas podem ser caracterizadas como catástrofes ambientais como as que assistimos recentemente nos noticiários.

Além das áreas já destinadas ao desenvolvimento da agricultura, a abertura de novas fronteiras agrícolas no Brasil, tais como a Amazônia ou o Cerrado, necessitam de um maior cuidado, pois, ao contrario do que se pensa, são constituídas de solos altamente vulneráveis ao manejo incorreto. A implantação de monoculturas colabora para o empobrecimento do solo por meio de seu intenso revolvimento que desagrega e transporta partículas minerais e orgânicas. Nos estados do Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo e oeste do Paraná, o cultivo histórico de café reduziu drasticamente a fertilidade dos solos, e em algumas áreas como as situadas no Vale do Paraíba, ainda não foram recuperadas (GUERRA, SILVA e BOTELHO, 1999). Para cada tipo de atividade que a sociedade necessita ao utilizar o solo, isto implica em sua perda através da erosão. O quadro a seguir demonstra a perda desigual do solo proporcionada por quatro atividades distintas.

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A mecanização do campo agrava a erosão dos solos. Por isso, o cultivo de algodão, que normalmente possui colheita mecanizada, se destaca entre as culturas que desgastam o solo.

Quanto menos revolvimento do solo e menor quantidade retirada do estrato herbáceo da vegetação, menor será a erosão. Quando acontece o inverso, há uma diminuição progressiva do potencial produtivo dos solos. Algumas práticas conservacionistas como o plantio direto podem diminuir a quantidade de perdas por erosão e proporcionar uma recuperação na estrutura do solo, bem como aumentar a recarga dos aqüíferos.

Um exemplo prático de degradação do solo é o cultivo de eucalipto que impossibilita a o crescimento do estrato herbáceo e com isso eleva a erosão, causando danos ao solo e, por conseguinte ao sistema ambiental como um todo (Tricart, 1977) ou ainda a utilização de pesados equipamentos agrícolas ou uso excessivo de insumos que afetam a estrutura e propriedades do solo.