VEGETAÇÃO

 8. VEGETAÇÃO

O estudo da vegetação na ciência geográfica é de fundamental importância para a compreensão dos processos naturais e da interdependência dos elementos componentes da chamada Biosfera. Para compreender a distribuição espacial de uma determinada cobertura vegetal é necessário entender os processos atuais e pretéritos de formação do relevo, substrato geológico, clima e solo, pois estes elementos da natureza condicionam e podem ser condicionados pelo tipo vegetacional de uma área. Além destes elementos, a sociedade pode interferir na degradação ou conservação da vida vegetal do planeta e, por esta condição, a vegetação é um conjunto de elementos interativos, sejam estes orgânicos e inorgânicos, endógenos e exógenos, das mais variadas ordens que contribuem para a formação da vida.

Para a Geografia, a necessidade do estudo da vegetação é importante, pois a localização, extensão e distribuição espacial da cobertura vegetal interferem na organização espacial, como, por exemplo, nas atividades humanas que podem ser efetuadas através da exploração da vegetação e que podem alterar relevo, solos, rios e o clima. Além disto, um processo que fundamenta toda a vida no planeta está baseado na vegetação: a fotossíntese. Por esta razão, a vegetação está situada no nível trófico dos produtores e, além de produzir sua própria energia, fornece energia também aos pertencentes do nível trófico dos consumidores.

A área da ciência que estuda a distribuição espacial das espécies vivas do planeta se chama Biogeografia. Este ramo se divide em zoogeografia e fitogeografia. O primeiro se refere ao estudo dos animais e o último o estudo dos vegetais. Alguns fatores são responsáveis pela grande diversidade vegetal existente no planeta. Dentre estes, é possível citar: a temperatura, a pluviosidade, a incidência de raios solares, a pressão atmosférica, a disposição do relevo e as características físico-químicas dos solos. Da mesma maneira que estes fatores interferem e condicionam a vegetação, eles também podem ter influência da vegetação em sua ocorrência. Por exemplo, uma área com vegetação ombrófila densa possui temperatura diferenciada para menos quando comparada com uma área próxima, mas que não possua o mesmo tipo vegetacional. Outro exemplo é que a presença de determinados tipos de vegetação pode alterar as características físicas químicas do solo, através da interceptação da chuva, diminuindo, assim, os fluxos de água no solo, atenuando o processo de lixiviação. Estes são poucos exemplos que demonstra a teia interativa permanente e intensa dos elementos constituintes da Natureza.

Classificação das Formações Vegetais

A vegetação pode ser classificada de acordo com diversas características de sua formação ou composição. O porte  das árvores e a disponibilidade de água podem tipificar as formações vegetais da seguinte maneira:

De acordo com o porte – as formações vegetais podem ser classificadas em: formações arbóreas (grande porte); formações arbustivas (médio porte); e formações herbáceas (pequeno porte).

De acordo com a disponibilidade de água a vegetação é classificada em:

⇒ Hidrófilas: vivem dentro da água durante todo o tempo do seu ciclo de vida. Ex: Vitória Régia;

⇒ Higrófilas: vivem em áreas que apresentam elevado grau de umidade: Ex: As espécies arbóreas das florestas equatoriais;

⇒ Xerófilas: vivem em área onde há baixa umidade atmosférica durante boa parte do ano, ou seja, adaptado à escassez hídrica. Ex: Cactos e mandacarus;

⇒ Halófilas: vivem em áreas que apresentam elevada salinidade, como as litorâneas. Ex: espécies do mangue.

De acordo com a forma das folhas é possível classificar os vegetais em:

⇒ Aciculifoliada: Folhas em forma de agulha. Ex: Pinheiro;

⇒ Latifoliada: Folhas grandes e largas. Ex: Árvores do domínio amazônico;

⇒ Coriácea: Folhas grossas, pequenas e peludas. Ocorrem em áreas de elevada temperatura e seca prolongada. Ex: Peroba;

⇒ Decíduas (ou caducifólias): Este tipo ocorre em espécies que perdem folha periodicamente, para diminuir a evapotranspiração e, com isso, perder menos água para se preparar para uma estação seca ou de inverno prolongado. Ex: Cerejeira;

⇒ Perenifólias: Quando há a manutenção das folhas durante todo ano, mesmo acontecendo uma renovação considerável em sua folhagem. Ex: Coqueiro.

As Formações Vegetais no Mundo

A distribuição da vegetação no mundo é bastante diversificada. A constituição e as interações das características geoambientais tornam as formações vegetais uma boa referência de uma análise paisagística para compreender os processos atuais e pretéritos da distribuição vegetacional no mundo. É importante considerar que a área na qual se situa determinada formação vegetal pode possuir pontos ou pequenas áreas preenchidas por espécies que não fazem parte da tipologia dominante, a isto se denomina enclave fitogeográfico. Os conjuntos de enclaves associados com o domínio paisagístico dominante formam mosaicos de formações distintas que convivem espacialmente. A disposição destes enclaves pode ser explicada através de análises paleoclimáticas e paleoecológicas, através de mudanças desde o período geológico  do Quaternário. A classificação das formações vegetais está representada na figura a seguir:

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Floresta Equatorial: típica de climas úmidos e quentes e está situada em áreas próximas à linha do Equador. É uma formação majoritariamente arbórea e possui uma extraordinária biodiversidade. As principais florestas equatoriais existentes no planeta são a do Congo (África), Indonésia (Ásia) e Amazônica (América do Sul).

Floresta Tropical: a área de ocorrência situa-se em locais com climas quentes e úmidos e como a própria denominação evoca, situam-se em áreas próximas aos trópicos. Possuem formações de porte arbóreo e arbustivo. As principais florestas estão situadas nos continentes africano, asiático e americano.

Floresta Temperada: ocorre em áreas de clima temperado (maior parte da Europa Setentrional, áreas da América do Norte e da Ásia e em pequenas porções territoriais da América do Sul e da Austrália). Possuem menor quantidade de espécies do que outras florestas do mundo.

Floresta de Coníferas ou Boreal: Possui este nome pelas formas em cone de seu estrato arbóreo no qual se destaca o pinheiro. Sua área de ocorrência é o Hemisfério Norte (Boreal ou Setentrional) e o clima nestas áreas é o temperado continental. Canadá, norte da Europa e Rússia possuem formações espaciais com esta paisagem vegetal que também pode ser chamada de Taiga.

Savana: Ocorre em áreas de clima tropical semi-úmido com duas estações bem definidas. Apresenta os três estratos: arbóreo, arbustivo e herbáceo. Pode ser encontrada na África, Ásia e no Brasil onde é chamado de cerrado. Estepe: Está situada em áreas de climas semi-árido. Possui estrato vegetal herbáceo e esparso. No Brasil é chamado de caatinga.

Pradaria: Ocorre em climas temperados continentais e é caracterizada pelo estrato herbáceo. Ocupa de áreas das grandes planícies americanas, nos pampas argentinos e brasileiros e em partes da Europa.

Tundra: Está localizada em áreas próximas ao Polo Norte e só pode ser visualizada apenas durante 3 meses do ano, quando há o descongelamento das camadas de gelo. A vegetação é herbácea composta por líquens e musgos.

Mediterrânea: A área de ocorrência é o sul da Europa e norte da áfrica, coincidindo com o clima mediterrâneo. Possui os três estratos arbóreos.

Deserto: São encontradas na América, Ásia, África e Oceania, onde os solos são pedregosos e arenosos. As espécies vegetais desta formação são do tipo xerófila.

Montanha: Situa-se na Cordilheira dos Andes (América do Sul), Himalaia (Ásia Central), Montanhas Rochosas (América do Norte). O clima nestas áreas tem elevada deficiência hídrica e baixa temperatura, caracterizado pelo estrato herbáceo.

As florestas podem ser classificadas de acordo com a umidade existente na área de sua ocorrência ou com relação à perda de suas folhas em um determinado período. O quadro a seguir diferencia cada tipo florestal:

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Formações Vegetais no Brasil

Existem diversas classificações para a disposição vegetal do Brasil. Algumas instituições como IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e o MMA (Ministério do Meio Ambiente) classifica através dos biomas existentes no território nacional. É possível observar esta definição na figura a seguir:

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Porém uma das definições que contempla a interatividade entre os elementos constituintes da Natureza (excetuando a sociedade) são os Domínios Morfoclimáticos elaborado pelo geógrafo Aziz Nacib Ab’Saber em 1970. Esta definição considera a interdependência, na constituição da paisagem, dos elementos climáticos, pedológicos, geomorfológicos e fitogeográficos. É importante ressaltar que os domínios definem um mosaico de paisagens no território brasileiro, e que inserido nos domínios podem ocorrer enclaves fitogeográficos.

Ab’Saber considerou seis domínios morfoclimáticos. Além destes domínios, existem as faixas de transição, que são caracterizadas por possuir, em extensões consideráveis, elementos ecológicos de mais de um domínio, diferencial mais importante com relação à classificação do IBGE e do MMA, Porém a combinação destes elementos não é apenas a somatória das condições geoambientais dois ou mais domínios. Elas formam um novo componente paisagístico, com características distintas dos outros  domínios que estão próximos. A seguir, é possível observar a distribuição dos domínios no Brasil, bem como sua caracterização:

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Domínio Amazônico: é considerado um macrodomínio devido a sua extensão que ultrapassa os limites territoriais brasileiros (a área brasileira corresponde a aproximadamente 60% do domínio). É constituída majoritariamente de Floresta Ombrófila Densa. Possui elevada diversidade biológica. O clima é equatorial (quente e úmido). Está situado em áreas com um relevo predominante de baixas altitudes e sua posição geográfica resultou em elevada incidência de radiação solar e com auxílio das massas de ar incidentes (mEc, mEa e mPa) possui elevados índices pluviométricos. Os solos em sua maioria são pobres em minerais devido à lixiviação, porém são ricos em matéria orgânica. Abriga a maior bacia hidrográfica do mundo (do rio Amazonas). Possui enclaves de Cerrado. De acordo com a topografia e atuação dos cursos d’água, é possível observar três faixas vegetacionais distintas, explicitadas no quadro a seguir.

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Domínio do Cerrado: ocupa predominantemente maciços planaltos na porção Central do Brasil. Sua composição vegetal é majoritariamente arbustiva e herbácea. O clima é o tropical típico ou sazonal, com períodos de chuvas e seca concentrados. No período de seca, as raízes das espécies do cerrado, que são profundas, captam a água necessária à sua nutrição, por isso o cerrado também é conhecido como uma “floresta de cabeça para baixo”. Os solos ácidos ocorrem com maior frequência. Em sua extensão, situam-se as porções de três importantes bacias hidrográficas: São Francisco, Tocantins e Prata. Possui o segundo maior hotspot do  Brasil perdendo apenas para o bioma Mata Atlântica.

Domínio de Mares de Morros: Situado na porção oriental do Brasil onde estão localizados planaltos e serras. Sua denominação está relacionada a forma arredondada do relevo (mamelonizada, meia-laranja) que são fortemente erodidos pelas chuvas. O clima é tropical úmido com chuvas regulares ao longo do ano e é influenciado pela mTa. Em sua área, situam-se sistemas ambientais relevantes como a Mata Atlântica, os manguezais e as dunas.

Domínio da Caatinga: Está inserido no espaço semi-árido brasileiro. A constituição desse domínio está intimamente ligada à atuação das massas de ar. A mTa por motivos atmosféricos e do relevo não penetra nesta área para propiciar chuvas. A umidade ocorre quando há atuação da mEc durante o verão. Por isso ocorre um prolongado período de seca. A vegetação é majoritariamente xerófila e é possível visualizar os três estratos vegetacionais: arbóreo, arbustivo e herbáceo. A maior parte das espécies é constituída por cactáceas e por arbustos espinhentos que perdem folha ao longo das secas. O relevo é composto por planaltos (Borborema e da Bacia do Parnaíba) e Depressões (sertaneja e do São Francisco). Os solos são rasos, ou seja, pouco profundos, porém ricos em minerais. Nos sopés das áreas mais elevadas, existem as chamadas “ilhas de umidade” que são as áreas de ocorrência dos brejos. Os principais rios da Caatinga são o São Francisco e o Parnaíba.

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Domínio da Araucária: Está situado em áreas de clima subtropical com atuações da mTa e mPa. É constituído pelas araucárias (pinheiros) que se destacam das configurações herbáceas subtropicais. Ocorre predominantemente nos planaltos paranaenses.

Domínio da Pradaria: Assim como o domínio da Araucária está situado em áreas de clima subtropical. O estrato da vegetação é herbáceo e também são conhecidos como campanha gaúcha. É o menor domínio em extensão do país. Faixas de Transição: No Brasil, existem algumas paisagens de exceção que estão situados nas faixas de transição como o Pantanal e a mata dos Cocais.

Pantanal: Situa-se em áreas de climas tropical típico, na maior planície Brasileira e na maior área alagável do mundo. É caracterizado pelos alagamentos das planícies em determinados períodos. É considerado como um sistema onde há uma intensa dinâmica entre o mundo aquático e terrestre, pois os seres que habitam este ecossistema se adaptam a esta condição. Possui vegetação de todos estratos.

Mata de Cocais: Encontra-se em uma área de transição entre o Domínio Amazônico e da Caatinga e é caracterizada pela presença de florestas de palmeiras, como o babaçu e a carnaúba.

Manguezais: De acordo com Teixeira Guerra o mangue é um “terreno baixo junto à costa sujeito às inundações das marés. Esses terrenos são na quase totalidade, constituídos de lamas e de depósitos recentes. Desta forma, pode-se considerar o manguezal como um ambiente estuarino, pois se situa na área de transição entre os ambientes terresres e marinhos. Uma das principais características deste ambiente é a capacidade adaptativa das plantas as flutuações da maré e a concentração de sal. Diversas espécies deste ambiente possuem raízes chamadas pneumatóforas que auxiliam na respiração das plantas quando ocorrem as cheias da maré. Em alguns locais, as árvores atingem 20 metros.

Degradação da Vegetação e Suas Consequências

A vegetação possui importância fundamental para o desenvolvimento da vida, nas suas mais variadas formas, no planeta Terra. Atividades da sociedade estão devastando paisagens, sendo a vegetação a demonstração visual imediata desta degradação. Atualmente, a racionalidade econômicofinanceira hegemônica considera a vegetação como algo sem vida. Por esta razão, Ruy Moreira (2008) atribui o status de “vida sem vida” à vegetação.

Atualmente, as indústrias alteram a configuração paisagística ao extrair a madeira e utilizá-la como matéria-prima para a fabricação de produtos ou como fonte de energia. Porém, ultimamente, as atividades agrárias estão cada vez mais degradando o meio ambiente e a abertura de novas fronteiras agrícolas amplia a devastação da vegetação. Estas alterações desequilibram a dinâmica ambiental, acelerando alguns processos e causando sérios danos à sociedade.

De açodo com Tricart (1977), as intervenções que afetam a cobertura vegetal podem repercutir, dentre outras coisas: na intensidade e na frequência da energia que alcança o solo, podendo modificar a fertilidade dos solos; na ausência de interceptação da chuva, aumentando a energia de impacto das gotas, elevando a erosão pluvial, impactando nos solos e no regime hídrico; na ineficiência da proteção do solo com relação às ações eólicas que também podem promover a erosão; no assoreamento dos rios, quando retirada a mata ciliar que protege os curso d’água da erosão.

Desta forma, Tricart afirma que a partir da modificação da cobertura vegetal, modificamos o valor econômico da água, modificamos a pedogênese etc. Modifica-se a cobertura vegetal de um bacia com finalidade puramente agrícola e, nesse momento, modificam-se os regimes dos rios e uma cidade carece de água, vendo-se obrigada a construir uma represa artificial para se abastecer.(1977, p.33)

Esta afirmação corrobora com a constatação de que a natureza é interdependente do funcionamento de todas as suas partes e atributos e que a alteração de um destes componentes compromete a dinâmica ambiental regular, podendo causar sérios danos também à sociedade. E há a difusão de uma crença que conduz ao pensamento reducionista imaginar que para todo problema ambiental há uma solução técnica viável que irá solucionar o problema.

O geógrafo Carlos Walter Porto-Gonçalves (2004) relembra um provérbio polonês que indica o engano da confiança das soluções técnicas para os problemas ambientais: “é possível fazer uma sopa de peixe a partir de um aquário, mas nunca fazer um aquário a partir de uma sopa de peixe.” Isto indica que se acredita que, degradando o meio ambiente, há possibilidade de fazer retornar ao que era antes, porém é sabido que a capacidade de regeneração de um sistema ambiental não é ilimitada.

No Brasil, diversos domínios paisagísticos estão sendo devastados sem que haja uma gestão eficaz por parte das esferas públicas e da sociedade civil e se tornam coniventes com relação à ação das atividades degradantes das indústrias ou das grandes, médias e pequenas propriedades agrícolas. A seguir, é possível identificar o atual estágio de devastação de alguns domínios:

Amazônia

Problemas: A criação de infraestruturas, tais como estradas, possibilita a ocupação extensiva do domínio que está  recebendo vários usos degradantes ao ambiente. O avanço do chamado agronegócio contribui para o desmatamento da Amazônia. Os estados do Pará, Mato Grosso e Rondônia são responsáveis por quase toda a produção de soja no bioma amazônico. O sul do Pará sofre com a ação das madeireiras. Já no oeste deste mesmo estado, as mineradoras intensificam a devastação. As nascentes dos afluentes do Rio Xingu no Mato Grosso, bem como as margens da BR-163 estão sendo tomadas pela atividade pecuária. A construção  de usinas hidrelétricas como a de Belo Monte que irá alterar o ciclo ecológico existentes em áreas próximas ao Rio Xingu devido à diminuição da vazão em alguns trechos deste rio e de seus afluentes, além de alagar aproximadamente 500 km² de mata. Os históricos de conflitos fundiários não cessam e contribuem para a manutenção da devastação do Bioma.

Atitudes de prevenção: Em 2003 foi instituído pelo decreto presidencial o projeto de monitoramento e desmatamento da Amazônia. Com auxílio de imagens de Satélite LANDSAT, o INPE identifica os polígonos de desflorestamento. O PRODES – Programa de monitoramento do desmatamento do INPE – identificou que a redução de 14% do desmatamento, entre os meses outubro de 2009 a outubro de 2010, foi o maior índice alcançado em 22 anos. A meta atual, assinado no COP 15, em 2009, é reduzir o desmatamento em 80% até o ano de 2020.

Cerrado

Problemas: Dentre os impactos ambientais mais graves estão os impactos causados pelos garimpos que contaminam os rios com mercúrio, além de propiciar o assoreamento dos rios. Mas, atualmente, os principais problemas são gerados pela monocultura mecanizada da soja e a pecuária. Cerca de 80% do carvão do Brasil são proveniente deste bioma. O município de Lucas do Rio Verde é onde ocorre a devastação com intensidade elevada. O IBAMA e o MMA realizaram um levantamento do desmatamento no Cerrado, entre os anos de 2002 e 2008, e constatou-se que os remanescentes de vegetação deste bioma correspondiam a apenas 51,2%, sendo que, neste mesmo período, o bioma perdeu 7,5% de sua área. De acordo com o WWF, o Cerrado, diferentemente da Amazônia, Mata Atlântica e Pantanal, não recebeu da Constituição Federal o status de “Patrimônio Nacional”, tornando a conservação de sua biodiversidade uma tarefa difícil. A produção de carvão vegetal também é uma ação degradante neste domínio.

Atitudes de prevenção: O lançamento em 2008 do Programa de Monitoramento dos biomas brasileiros pelo IBAMA e MMA visa compreender quais são as áreas críticas de desmatamento deste e de outros biomas. A implantação da operação Corcel Negro ocorreu em 2009, pelo IBAMA, que fiscaliza a produção, transporte e destino da produção vegetal. O MMA lançou em setembro 2010 o PPCerrado que é o Plano de Ação para Prevenção e controle do Desmatamento e das Queimadas no Cerrado que busca promover a conservação, restauração, a recuperação e o manejo sustentável do  bioma, sobretudo nas áreas que sofrem mais pressão

Mata Atlântica

Problemas: Historicamente é o bioma que foi mais degradado desde a colonização europeia. Como sua localização é próxima, as áreas litorâneas do país coincidem com a ocupação populacional promovida pelos portugueses. Atualmente, cerca de 70% da população brasileira reside em áreas que eram de Mata Atlântica. Estima-se que há apenas 7% da cobertura original vegetal deste bioma. Diversas ações causam sérios impactos ambientais negativos à Mata Atlântica e dentre estas é possível destacar: as atividades portuárias, agrícolas (silvicultura principalmente), industriais e turísticas. As construções de complexos hoteleiros, a intensidade do processo de urbanização e especulação imobiliária ao longo do litoral também contribuem para a degradação dos manguezais.

Atitudes de prevenção: Desde o estabelecimento do SNUC (Sistema Nacional de Unidade de Conservação), a Mata Atlântica é o bioma brasileiro que possui o maior quantitativo destas unidades: 860 que estão distribuídas entre Parque Nacional, Estadual, Monumento Natural, Estação Ecológica RPPN (Reserva Particular de Patrimônio Natural), ARIE (Área de Relevante Interesse Ecológico) e APA (Área de Proteção Ambiental). A instituição dessas unidades pode auxiliar na contenção da devastação ambiental deste bioma, porém não são suficientes para a diminuição considerável ou sensibilização da população com relação a importância da Mata Atlântica. Desde 2006, também há o Plano de Monitoramento e Controle da Mata Atlântica que, através de imagens de satélites, conseguem visualizar em que locais estão ocorrendo desmatamentos e, com isso, intervir para controlar a devastação.

Caatinga

Problemas: Devido a sua configuração paisagística há uma crença de que a Caatinga pode suportar qualquer impacto ambiental negativo. Este Bioma é importante para a manutenção do ciclo ecológico das áreas semi-áridas do nordeste.

Com o advento da Revolução Verde, técnicas de irrigação foram difundidas e implantadas nas áreas próximas aos rios mais extensos. Como consequência disso, é possível citar a salinização do solo e alguns fatores regionais contribuem para este fenômeno acontecer como a ocorrência de solos rasos e a intensa evaporação da água provocada pelas altas temperaturas. De acordo com o levantamento do MMA e IBAMA em 2008, a Caatinga possuía apenas metade da sua cobertura vegetal e o principal motivo do desmatamento da mata nativa é a produção de lenha que alimenta as olarias (fábricas de produção de cerâmicas) e siderúrgicas instaladas na zona compreendida pelo Bioma.

Atitudes de prevenção: A Caatinga também está inserida no Programa de Monitoramento dos biomas brasileiros pelo IBAMA e MMA desde 2008. Este advento possibilita a identificação das áreas de ocorrência do desmatamento e pode intervir para mitigar os impactos ambientais. No levantamento de 2008, foi identificado que Bahia e do Ceará são os estados que possui mais áreas desmatadas deste bioma. Desde então, foi lançado o “Projeto de Conservação e Gestão Sustentável do Bioma Caatinga nos Estados do Ceará e Bahia” também conhecido como “Projeto Mata Branca” que é uma parceria entre os estados supracitados com o Banco Mundial (BIRD) para fomentar atividades que não degradem a Caatinga. Dentre as atividades estimuladas em alguns municípios destes estados, é possível citar a criação apícola, os quintais produtivos que cultivam hortaliças.