HIDROGRAFIA DO BRASIL

Hidrografia do Brasil

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Rio Araguaia – um dos principais rios que compõem a Bacia Hidrográfica do Tocantins-Araguaia

Em razão  de sua vastidão territorial, das características morfológicas e das condições favoráveis de pluviosidade, o Brasil possui a uma rede hidrográfica das mais ricas e mais extensa do planeta. Essa rede fluvial origina-se a partir de três divisores de águas, que são os centros dispersores de água, isto é, locais a partir de onde as águas tomam uma direção. Correspondem geralmente às serras e aos planaltos.

Os três principais divisores são: a Cordilheira dos Andes, que dá origem aos formadores do rio Amazonas; o planalto Norte Amazônico, que dá origem aos rios da margem esquerda do rio Amazonas e, finalmente, o planalto Brasileiro, de onde se originam as mais importantes bacias brasileiras: Amazônica (margem direita), Platina, São Francisco e do Tocantins-Araguaia.

Muitos de seus rios destacam-se pela profundidade, largura e extensão, o que constitui um importante recurso natural. Em decorrência da natureza do relevo, predominam os rios de planalto. A energia hidráulica é a fonte primária de geração de eletricidade mais importante do Brasil.

A densidade de rios de uma bacia está relacionada ao clima da região. Na Amazônia, que apresenta altos índices pluviométricos, existem muitos rios perenes e caudalosos. Em áreas de clima árido ou semiárido, os rios secam no período em que não chove.

As bacias brasileiras são divididas em dois tipos: Bacia de Planície, utilizada para navegação, e Bacia Planáltica, que permite aproveitamento hidrelétrico.

As principais características da hidrografia brasileira são:

  • Grande riqueza fluvial, tanto na quantidade quanto na extensão e no volume de água;
  • Pobreza de lagos;
  • Predomínio do regime pluvial;
  • Predomínio dos rios perenes e de bacias exorreicas (que deságua no mar);
  • Predomínio de foz do tipo estuário (que desemboca no mar em forma de um único canal).

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Foz em Estuário (rio em azul e terra em verde)

  • Na produção de energia elétrica, o uso dos rios é muito grande. Aproximadamente cerca de 90% da eletricidade brasileira provém dos rios. Seu potencial hidráulico vem de quedas d’água e corredeiras, dificultando a navegabilidade desses mesmos rios. Na construção da maioria das usinas hidrelétricas, não foi levado em conta a possibilidade futura de navegação, dificultando o transporte hidroviário.

Bacias Hidrográficas do Brasil

Bacia Hidrográfica é a área ocupada por um rio principal e todos os seus afluentes, cujos limites constituem as vertentes, que por sua vez limitam outras bacias. No Brasil, a predominância do clima úmido propicia uma rede hidrográfica numerosa e formada por rios com grande volume de água.

O Brasil está dividido em 12 regiões hidrográficas:

Bacia Amazônica, Bacia Tocantins-Araguaia, Bacia do Paraguai, Bacia Atlântico Nordeste Ocidental, Bacia Atlântico Nordeste Oriental, Bacia do Paraná, Bacia do Parnaíba, Bacia do São Francisco, Bacia do Atlântico Leste, Bacia do Atlântico Sudeste, Bacia do Atlântico Sul e Bacia do Uruguai.

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Brasil e as 12 regiões hidrográficas

Bacia Amazônica

Considerada a rede hidrográfica mais extensa do mundo, a Bacia Amazônica ocupa uma área total de 7.008.370 km². Esta área vai desde as nascentes, nos Andes Peruanos, até sua foz (local onde o rio deságua) no Oceano Atlântico – 64,88% (ou 3.843.402 km²) desse total ficam em território brasileiro e o restante está dividido entre a Colômbia, Bolívia, Equador, Guiana, Peru e Venezuela.

No Brasil, a Bacia Amazônica é compartilhada por sete Estados – Acre, Amazonas, Amapá, Rondônia, Roraima, Pará e Mato Grosso. Seus principais rios são Javari, Purus, Madeira, Tapajós e Xingu (pela margem direita) e Iça, Japurá, Negro, Trombetas, Paru e o Jarí (pela margem esquerda).

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Bacia Amazônica

Bacia Tocantins-Araguaia

Com uma área total de 967.059 km², a Bacia Tocantins-Araguaia ocupa 11% do território nacional. Grande parte está na Região Centro-Oeste. Está presente nos estados de Goiás, Tocantins, Pará, Maranhão, Mato Grosso e Distrito Federal.

Como o próprio nome diz, os dois principais rios dessa bacia são o Tocantins e o Araguaia. O Tocantins nasce no planalto de Goiás, a cerca de 1.000 metros de altitude. Com 1.960 km de extensão até sua junção com o rio Araguaia, ele tem como principais afluentes (rios menores que deságuam no rio principal) os rios Bagagem, Tocantinzinho, Paranã, dos Sonos, Manoel Alves Grande e Farinha (margem direita) e rio Santa Tereza (margem esquerda).
Em seus 2.600 km, o Araguaia abriga a maior ilha fluvial do mundo – a Ilha do Bananal – com 350 km de comprimento e 80 km de largura.

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Bacia Tocantins-Araguaia

Bacia do Paraguai

O rio Paraguai nasce na Chapada dos Parecis, no Mato Grosso. Ao longo do seu percurso rumo ao sul, recebe vários afluentes importantes como o Cuiabá, o São Lourenço, o Taquari, o Miranda e o Negro. Sua bacia hidrográfica abrange uma área de 1.095.000 km², sendo 33% no Brasil – Mato Grosso e Mato Grosso do Sul – e o restante na Argentina, Bolívia e Paraguai.

A região se divide em duas áreas principais hidrográficas: Planalto (215.963 km²), com terras acima de 200 metros de altitude, e Pantanal (147.629 km²), que são terras abaixo de 200 metros de altitude, com baixa capacidade de drenagem e sujeitas a grandes inundações. Considerado uma das maiores extensões úmidas contínuas do planeta, o Pantanal funciona como um grande reservatório, que retém a maior parte da água oriunda do Planalto e regulariza a vazão do rio Paraguai.

A baixa capacidade de drenagem dos rios e lagoas que se formam no Pantanal, juntamente com a influência do clima da região, faz com que cerca de 60% da água proveniente do Planalto seja perdida por evaporação.

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Bacia do Paraguai

Bacia Atlântico Nordeste Ocidental

Localizada no Estado do Maranhão e em uma pequena porção oriental do Pará, fazem parte da região hidrográfica do Atlântico Nordeste Ocidental os rios Gurupi, Turiaçu, Pericumã, Mearim, Itapecuru, Munim e a região do litoral do Maranhão. Com uma área de 254.100 km², a bacia atinge 233 municípios, sendo 9% no Pará e 91% no Maranhão.

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Bacia Atlântico Nordeste Ocidental

Bacia Atlântico Nordeste Oriental

A Bacia do Atlântico Nordeste Oriental não tem grandes rios e, por isso, apresenta baixa disponibilidade de água em relação à demanda local, principalmente em períodos de estiagem. Seus principais rios são o Capibaribe, Paraíba, Jaguaribe e Acaraú.

Os 287.348 km² (3% do território brasileiro) dessa bacia atingem cinco Estados do Nordeste e suas capitais (Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Alagoas), dezenas de núcleos urbanos e um grande parque industrial. Além disso, a região reúne diversas bacias costeiras de pouca extensão.

No litoral do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco podem ser encontrados estuários (parte de um rio que se encontra em contato com o mar), manguezais e lagoas costeiras. O litoral de Alagoas inclui o delta do rio São Francisco, compartilhado com Sergipe, e o Complexo Estuarino-Lagunar Mundaú / Manguaba.

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Bacia Atlântico Nordeste Oriental

Bacia do Paraná

A região onde está localizada a bacia do Paraná é de grande importância para o País, apresenta o maior desenvolvimento econômico e atinge 32% da população brasileira. Ocupa 10% do território nacional (879.860 km²) e se divide entre os Estados de São Paulo, Paraná, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Goiás, Santa Catarina e Distrito Federal.

A bacia recebe esse nome por ter o rio Paraná como seu principal formador. Com uma extensão de 2750 km até sua foz, o Paraná tem como principais afluentes o Paranaíba e o Grande. Essa região hidrográfica se subdivide em seis grandes rios: Grande, Iguaçu, Paranaíba, Paranapanema, Paraná e Tietê, apresentando uma vazão média correspondente a 6,5% do total do país.

A bacia do Paraná também é a que possui a maior capacidade de produção (59,3% do total nacional) e demanda (75% do consumo nacional) de energia do país. Existem 176 usinas hidrelétricas na região, com destaque para Itaipu, Furnas, Porto Primavera e Marimbondo.

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Bacia do Paraná

Bacia do Parnaíba

Com 344.112 km² de área (3,9% do território nacional), a Bacia do Parnaíba ocupa 99% do Piauí, 19% do Maranhão e 10% do Ceará. No Piauí, a água subterrânea representa a principal fonte de abastecimento da população. Em áreas semiáridas, nas quais muitos rios são intermitentes (ou seja, descontínuos, que terminam e recomeçam por intervalos), é a única alternativa para os habitantes.

Parte da Bacia do Parnaíba é marcada por um elevado índice de pobreza, e a proporção da população que se encontra em zonas rurais (40%) é alta em relação à média nacional (18,2%). Nessa região, a utilização média de água por hectare é superior à média do Brasil. Um dos motivos para isso é a intensa perda de água para a atmosfera, causada pela evaporação a partir do solo e pela transpiração das plantas.

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Bacia do Parnaíba

Bacia do São Francisco

Sua região hidrográfica abrange sete Estados: Minas Gerais, Distrito Federal, Goiás, Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe.

Com cerca de 2.700 km de extensão, o São Francisco nasce na Serra da Canastra (MG) e corre para o norte, seguindo até Pernambuco, onde muda o percurso para o Sudeste e deságua no Oceano Atlântico entre Alagoas e Sergipe. Ao todo são 168 afluentes, dos quais 99 constantes e 69 intermitentes.

As hidrelétricas da bacia do São Francisco são responsáveis por grande parte do abastecimento de energia da Região Nordeste. São 33 usinas em operação – nove no próprio rio São Francisco. Além disso, as barragens também são usadas para abastecimento, lazer e irrigação.

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Bacia do São Francisco

Bacia do Atlântico Leste

Com uma área que corresponde a 8% do país (374.677 km²), a região hidrográfica do Atlântico Leste inclui parte dos Estados de Sergipe, Bahia, Minas Gerais e Espírito Santo. Atinge 526 cidades, alguns grandes núcleos urbanos e um parque industrial.

Entre seus principais rios estão o Paraguaçu, Contas, Salinas, Pardo, Jequitinhonha e Mucuri. Além disso, nas bacias costeiras, entre Sergipe e Espírito Santo, também existe uma grande diversidade de rios, córregos e riachos.

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Bacia do Atlântico Leste

Bacia do Atlântico Sudeste

A região hidrográfica do atlântico sudeste – distribuída pelos Estados do Estados do Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e o litoral do Paraná – possui grande importância no cenário econômico nacional.

Com uma área de 229.972 km², equivalente a 2,7% do território brasileiro, seus principais rios são o Paraíba do Sul e Doce, com respectivamente 1.150 e 853 km. Além desses, vários outros rios de menor porte formam as seguintes bacias: São Mateus, Santa Maria, Reis Magos, Benevente, Itabapoana, Itapemirim, Jacu, Ribeira e litorais do Rio de Janeiro e de São Paulo.

Por ser a mais populosa e industrializada, a região tem uma grande demanda de água (10% do total nacional), sendo 41% para a área urbana e 15% para a área industrial.

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Bacia do Atlântico Sudeste

Bacia do Atlântico Sul

A região hidrográfica Atlântico Sul tem início na divisa dos Estados de São Paulo e Paraná e se estende até o Arroio Chuí, no extremo sul do país. Com uma área total de 185.856 km² (2% do país), a região abrange partes dos Estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Na bacia do Atlântico Sul, predominam rios de pequeno porte, que escoam diretamente para o mar. As exceções mais importantes são os rios Itajaí e Capivari, em Santa Catarina, que apresentam maior volume de água. Na região do Rio Grande do Sul, são encontrados rios de grande porte, como o Taquari-Antas, Jacuí, Vacacaí e Camaquã.

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Bacia do Atlântico Sul

Bacia do Uruguai

Com 2.200 km de extensão, o rio Uruguai nasce na junção dos rios Pelotas e Peixe, e segue em direção ao oeste dividindo os Estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Em seu caminho, ele também se une com o rio Peperi-Guaçu, servindo de fronteira entre Brasil e Argentina. Seguindo na direção sudoeste, o Uruguai se une com o rio Quarai (que limita o Brasil e o Uruguai) e daí toma a direção sul, passando a dividir Argentina e Uruguai até a sua foz.

A região hidrográfica do Uruguai tem grande importância para o país, pois atende a agroindústria e tem grande potencial hidrelétrico. Junto com as regiões hidrográficas do Paraná e Paraguai, ela forma a grande bacia do Prata.

A bacia do Uruguai se divide entre os Estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Sua área total é 385.000 km², sendo 45% em território nacional.

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Bacia do Uruguai